
A busca por um novo comandante técnico no Santos está longe de ser um processo simples. O clube, que vive uma indefinição após a saída de Cléber Xavier, encontra-se dividido entre a nostalgia de um passado recente de sucesso e a necessidade de um futuro mais equilibrado. O nome que domina os debates nos bastidores e nas arquibancadas é Jorge Sampaoli. Embora o argentino ainda inspire paixão em parte da torcida e tenha o apoio de alguns conselheiros, sua contratação é vista com cautela por uma parcela significativa da diretoria. O principal entrave, segundo fontes internas, é o seu perfil “explosivo” e as exigências que o técnico costuma fazer, que podem desestabilizar o ambiente do clube.
A primeira passagem de Sampaoli pela Vila Belmiro, em 2019, foi marcada por um futebol envolvente e ofensivo, que levou o time a um vice-campeonato brasileiro de destaque. No entanto, sua trajetória também foi pontuada por atritos e cobranças públicas à diretoria, uma postura que gerou desconforto e deixou feridas abertas. Agora, o cenário se repete. O treinador argentino teria condicionado seu retorno à garantia de contratações de peso, uma demanda que divide a cúpula santista em um momento de desafios financeiros. Esse tipo de imposição, somado ao histórico de embates, faz com que a diretoria reflita se o retorno de Sampaoli, por mais vitorioso que possa ser em campo, não traria também uma dose de instabilidade desnecessária.
Diante desse impasse, outros nomes vêm sendo discutidos no mercado da bola. O mais cogitado é Tite, ex-técnico da Seleção Brasileira, que representa o exato oposto do perfil de Sampaoli. Conhecido por sua gestão de grupo e por ser um profissional ponderado e equilibrado, Tite seria o nome ideal para trazer serenidade ao ambiente e conduzir o time de forma mais tranquila. Contudo, a negociação esbarra em um obstáculo temporal: o treinador tem uma cirurgia no joelho agendada para setembro, o que inviabiliza sua chegada imediata.
Outras alternativas foram sondadas. Houve um contato com Ramón Díaz, que, no entanto, optou por permanecer no comando do Olimpia, no Paraguai. O nome de Juan Pablo Vojvoda, que teve uma passagem marcante pelo Fortaleza, também foi debatido, mas não gerou a empolgação necessária para avançar nas negociações. Enquanto a indefinição persiste, a pressão sobre a gestão aumenta. A comissão técnica do ex-treinador, que foi demitido após uma goleada sofrida para o Vasco, tenta conduzir os trabalhos da equipe. O Santos enfrenta o Bahia em seu próximo compromisso, com a necessidade urgente de dar uma resposta em campo e, principalmente, de definir o seu futuro fora dele, antes que a crise se aprofunde ainda mais. A escolha de um novo técnico será um movimento decisivo, que pode tanto recolocar o Peixe no trilho do sucesso quanto aprofundar a crise que já paira sobre a Vila.